Investimento publicitário de cassinos na TV cai em 21%
24 out 2024Queda em propagandas foi registrada pela Tunad
Os cassinos online que continuam a operar no país reduziram o valor investido nas propagandas de TV e rádio. Na análise feita pela Tunad Media Insights, a redução foi de 21%.
O comparativo foi feito entre agosto e setembro de 2024. Apesar da queda significativa, o mercado continua a investir de forma expressiva em anúncios na TV aberta e na PayTV.
Os dados levantados pela start up revelaram que cassinos gastaram R$ 90 milhões em publicidade no mês de agosto. Este valor foi suficiente para realizar 13.544 inserções.
Já no mês de setembro o gasto com publicidade foi reduzido para R$ 70 milhões. Mesmo com a queda no valor investido, o número de inserções se manteve praticamente o mesmo. Foram 13.638 anúncios no mês de queda.
O estado que mais recebeu inserções foi São Paulo. Mais de 50% do valor total das propagandas foi direcionado para o estado.
O impacto dos anúncios é positivo. Na avaliação “Uplift”, que é uma métrica que mede o aumento de pesquisas no Google após a inserção de propagandas, milhares de clientes buscaram pelas plataformas anunciadas.
Cinco marcas aparecem em destaque na avaliação. O cassino da Betano aparece em primeiro no número de inserções, seguido pela Superbet.
O terceiro lugar fica com a Betnacional, praticamente empatada com o cassino Betfair e o cassino da KTO.
A Tunad também calcula o lucro obtido com os anúncios. Para tal, ela considera os 10 minutos posteriores à inserção comercial. Os cassinos mais bem-sucedidos chegam a lucrar quase 140%. A maior parte se mantém na faixa de 51% a 39% de lucro.
Esperamos os dados dos próximos meses, para que seja feito o levantamento do período anual.
Propagandas de cassino são questão de lei
Não é de hoje que se discute a regulamentação das propagandas de apostas esportivas, jogos de caça-níquel, bingo e similares. Desde o começo do ano, com o Governo Federal colocando em prática novas regras para o mercado de apostas, as autoridades têm discutido uma maneira de regular a publicidade das “bets”.
A mais nova proposta veio através do PL 2564/2024. O projeto é do deputado Duda Ramos (MDB-RR) e foi encaminhado para análise pelas comissões da Câmara.
O primeiro mecanismo do projeto é proibir todas as ofertas e promoções de jogos de cassino que não estejam de acordo com a regulamentação brasileira. Neste caso, os provedores de internet deverão adotar medidas técnicas para impedir o acesso aos sites irregulares.
No texto, fica determinado que tais provedores devem derrubar de forma imediata empresas e perfis que façam propagadas de “produtos” não autorizados, ou seja, cassinos e jogos que estejam em situação ilegal.
O não cumprimento de tal determinação poderá acarretar sanções administrativas e judiciais.
Além disso, fica determinado que os órgãos reguladores devem estabelecer mecanismos de monitoramento e fiscalização.
De acordo com Duda, a divulgação não regulada de jogos como o jogo do tigrinho pode ter um efeito negativo na sociedade, afetando os mais vulneráveis.
Em suas palavras, Duda diz que “é imperativo estabelecer medidas legislativas que controlem e inibam a divulgação e acesso a jogos de azar ilegais na internet. A intervenção regulatória é necessária para proteger os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis, contra práticas predatórias que exploram o vício em jogos de azar para fins lucrativos”.
Uma vez que passe na aprovação das comissões, o projeto seguirá para apreciação e votação no Senado.
Divulgação de cassinos “nas redes” também deve ser controlada
Ao longo do ano de 2024, nos deparamos com diversas notícias relacionadas a divulgação de cassinos por influencers. Com suas redes sociais com milhares ou milhões de seguidores, estas personalidades se tornaram um bom veículo de propaganda, chamando a atenção das autoridades reguladoras.
O tema se tornou objeto de discussão principalmente quando foi descoberto que influenciadores mirins estavam divulgando apostas para jovens e adolescentes. Como é de comum conhecimento, o mercado de apostas deveria ser de uso exclusivo de maiores de 18 anos.
Nestes casos, não há apenas uma falha nas diretrizes de jogo responsável, mas como também uma quebra das regras do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e também do próprio Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária.
Este último chegou a lançar uma cartilha sobre as regras que devem ser adotadas para a divulgação de cassinos. As regras são válidas para todo ambiente virtual, incluindo sites e perfis de usuários nas redes sociais.
As normas para que influenciadores participem da divulgação de casas de apostas também é avaliada por outros setores do governo. Neste sentido, o governo publicou uma Portaria com diversas normas para publicidades e propagandas do setor.
Novas normas
A Portaria responsabiliza plataformas por publicidades que sejam consideradas abusivas, assim como aquelas vistas como enganosas. Há ainda diretrizes para o patrocínio esportivo, que só poderão ser realizados quando o evento não for majoritariamente para o público jovem.
Produtos só poderão receber a logomarca do cassino se também não forem destinados a jovens e adolescentes.
Régis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, diz que a norma impõe deveres rigorosos às plataformas de apostas. Ele conclui:
“As casas de apostas devem ser transparentes em suas relações com influenciadores, garantindo que todas as promoções sejam responsáveis e honestas. Estabelecemos restrições claras sobre a publicidade, proibindo propagandas que sugiram que apostas são um meio de enriquecimento fácil. Qualquer publicidade enganosa pode resultar em penalidades severas para as casas de apostas”.